meio ambiente

vaga-lumes

.
eles se acasalam confome a sincronicidade.
um ama o outro que piscar no mesmo ritmo.
eles milagram
Eles ja fizeram gravuras em choupanas
inspiraram catalizadores e lâmpadas
atraem turistas, poetas, crianças
e outros encantados

.

Desequilíbrio ambiental: até os
vaga-lumes estão morrendo
Esperar
o início da noite e perambular em volta de casa a procura de vaga-lumes.
Guardá-los no vidro e tentar entender de onde vinham aquelas luzes e por quê
afinal aqueles bichos existiam, piscando. Essa é uma das cenas mais lúdicas da
infância, já não vivenciada por muitas crianças. Na cidade é mais difícil
vê-los, mas hoje, mesmo no campo, os vaga-lumes diminuíram, uma das
conseqüências do desequilíbrio ambiental, como explica o engenheiro agrônomo e
supervisor da Emater Regional, Valdir Pedro Zonin.
“O
modelo agrícola da Região, a acentuada utilização de agroquímicos e a
agricultura intensiva reduzem no meio rural os principais alimentos do inseto,
cuja larva alimenta-se de lesmas, crustáceos e outros pequenos animais”, diz.
A
importância do vaga-lume também é fundamental na cadeia alimentar do reino
animal. Predador de pequenos bichinhos na superfície da terra, serve de
alimento para sapos, rãs e aves noturnas, por exemplo. Zonin destaca inclusive
que o vaga-lume é importante até para o turismo em alguns países. Na região de
Otorohanga, Nova Zelândia, existem cavernas visitadas por turistas do mundo
inteiro – por serem iluminadas por larvas de vaga-lumes.

o mistério de sua luz e o encanto que desperta, gera inúmeras lendas, é tema de
música e poesias. Uma das mais famosas, de Machado de Assis, “Circulo Vicioso”,
inicia e acaba com vaga-lume.
Luzes
pra quê?
A luz que os vaga-lumes emitem tem uma razão
essencial: acontece na época de acasalamento. A larva passa seis meses na
terra. Quando adulta, dura apenas três dias, e nesse período o inseto utiliza
sua luz para chamar atenção do parceiro. Eles possuem a chamada
bioluminescência, processo em que a luz é produzida por uma reação química
originada organismo. Os seres vivos que possuem esta capacidade são encontrados
no fundo do oceano, além os vaga-lumes que vivem na Terra.
Pesquisadores da Universidade de Tufts, nos
Estados Unidos, descobriram que a mesma substância responsável pelo controle da
pressão sanguínea que leva à ereção do pênis, o óxido nítrico (NO), serve de
mensageira entre o impulso elétrico emitido pelos neurônios do vaga-lume e o
disparo do flash luminoso. Durante os dois anos de pesquisa, os cientistas
americanos demonstraram que a lanterna dos vaga-lumes se acende sempre que se
estimula a produção do óxido nítrico.
Energia e Ciência
Diversas descobertas científicas foram
possíveis graças ao vaga-lume, principalmente nas áreas da física e química.
Foi descoberto que 90 a 96% da energia
produzida pelas moléculas é convertida em luz, e somente de 4 a 10% em calor, o
que representa o inverso de uma lâmpada comum. Com isso, já foram realizadas
associações com uma possível fonte de energia resultante do estudo do
vaga-lume. E isso foi e ainda é possível.
Há relatos e gravuras sobre o uso da luz
emitidas por eles na iluminação de choupanas e nativos da América Central. A
química da luz dos vaga-lumes inspirou pesquisadores a estudarem as reações
quimioluminescentes, em que a energia é convertida em luz com altos
rendimentos. Foram desenvolvidos compostos que atuam como catalisadores e
emissores fluorescentes, onde até a cor pode escolher ser escolhida. Esta
reação é a base de produtos comerciais chamadas “light sticks” ou lanternas
químicas, usados por mergulhadores, pequenas clínicas médicas onde não há luz,
kits de emergência de aviação civil e até como decoração.
Zonin lembra também que os pesquisadores
estão estudando agora a sincronização da espécie, que acontece quando eles
encontram-se em bando e as luzes acendem e piscam no mesmo momento e mesma
intensidade. Os estudos ainda não apresentaram resultados, mas apontam para
mais descobertas científicas.
[de quando eu trabalhei no primeiro ano do jornal Bom Dia, em Erechim. 2006]

Um comentário

  • Leda Malysz

    CÍRCULO VICIOSO

    Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
    "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
    Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
    Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

    "Pudesse eu copiar o transparente lume,
    Que, da grega coluna à gótica janela,
    Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
    Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

    "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
    Claridade imortal, que toda a luz resume!"
    Mas o sol, inclinando a rútila capela:

    "Pesa-me esta brilhante auréola de nume…
    Enfara-me esta azul e desmedida umbela…
    Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"