Sagrado Coração de Jesus

Na quarta-feira de 23 de junho, o recifense Izidorio Cavalcanti fará
pela quinta vez a perfomance “Sagrado Coração de Izidorio Cavalcanti”,
já desempenhada em Recife e outras cidades pernambucanas. Em Porto
Alegre, participa da Semana Experimental Urbana. O artista fará um
percurso utilizando um grande coração de boi exposto colado em seu
peito, vestindo uma camiseta de manga longa branca manchada com sangue e
uma calça azul.

No trajeto, sairá da travessa Venezianos às
9h45min e vai parar em 15 altares de igrejas, fazendo pose para fotos
com o dedo indicativo apontando para o coração, no significado “é pelo
coração que você entra no reino do céu”. A última será a Igreja Nossa
Senhora das Dores (Riachuelo, 630). Nos altares, busca o que é sagrado,
“mas também oferecerei meu coração aos deuses”, lembra. “Como artista
sempre estou buscando graça. Fazer um trabalho é uma. O final deixo no
altar”.

“Geralmente acham que sou louco, estou pagando uma
promessa ou blasfemando a Igreja Católica”, relata Izidorio, mas ele
continua fiel à reflexão “Será que nós não somos sagrados? Por que só
tem ”Sagrado Coração de Jesus e Maria, e eu também não sou sagrado?””.
Daí nasceu o nome da perfomance. Izidorio se crismou aos 26 anos. Já
esteve em uma igreja onde se esperava um concerto. “Ao chegar ao altar
foi fotografado todo o ritual de retirada do coração. Nunca vi tanto
flash e fui retirado pelo guarda”, lembra. Izidorio anda descalço para
manter a concentração, e é deficiente auditivo, não escuta bem o que as
pessoas falam. Seu sentimento, é “minha culpa, minha tão grande culpa”.
Percebe que está fazendo “alguma coisa proibida dentro de um padrão
estético, já que é católico”, e anda com um terço no bolso. “Ao mesmo
tempo que questiono o que é real, entre santos e altares, remeto que meu
coração é muito grande. Mostro um órgão que carrega todo sentimento,
raiva, amor. Uma leitura sobre o coração. Ao mesmo tempo não há intenção
de provocar nada. É apenas uma ideia posta em prática”, diz.

[foto Isabela Luchesi, divulgação. texto julho 2010. SEU]