direitos humanos

Investigação em família

Quem pretende iniciar ou já começou a busca de informações sobre seus antepassados não deve deixar de alimentar significativas doses de paciência e persistência, avisa o professor universitário formado em História que trabalha com genealogia há 10 anos, Daniel Teixeira Leite.

No seminário gratuito “Genealogia: História e Identidade”, no Arquivo Público do Estado (Riachuelo, 1031), dia 15 de novembro, ele falará sobre pesquisas de fontes genealógicas em arquivos, bibliotecas, cemitérios, familiares, com exemplos de pistas intrínsecas em fotos antigas como as roupas das mulheres, que mostram a posição social e às vezes a qual época se refere a imagem. Leite começou o estudo sobre os antepassados através da procura de  documentos necessários para solicitar cidadania europeia. É bisneto de italiano e tem ascendência portuguesa e francesa. “Ainda não achei o local e data de nascimento de meus bisavós na Itália, mas conquistei o sentimento de pertencer à história do Rio Grande do Sul. Vi que minha família ajudou a povoar e conquistar terras aqui, em épocas de lutas. Me sinto mais confortável socialmente, e conquistei um real orgulho de ser gaúcho”, diz.

Mas a tarefa não é fácil. O primeiro passo, diz Leite, é entrevistar as pessoas mais velhas da família, saber quem foram seus irmãos, tios, se eles possuem fotos, documentos. “É bom começar por quem se tem mais intimidade. Muitos não falam por temer que você busca herança, porque há negros ou índios na família dita branca, o que é extremamente comum, mas querem esconder o fato, ou outras razões”, diz.

|Você vai montando sua História|


Quando for em busca de documentos, é necessário ir até ao arquivo público da cidade onde a família se originou. “Mas nem sempre você é bem recebido no arquivo. As pessoas sentem-se donas daquele acervo e não liberam facilmente as informações. Uma dica é um banco de dados de casamentos, nascimento e óbitos que vem sendo digitalizado com dados das cúrias dos Mórmons”, indica, acrescentando que é mais difícil pesquisar documentos do século XIX e XVIII, porque precisa decifrar letras. “Por diversas buscas, você vai montando sua história e encontra muitas cenas. Cartas de alforria, contratos de casamento, mapas de sesmarias, quem ficou com os cavalos”, conta.

Em Porto Alegre, ensina Leite, parte das famílias tem cruzamentos com os troncos familiares do primeiro sesmareiro de Porto Alegre que tinha sua casa onde é hoje o Hospital São Pedro, Gerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos, e Domingos Faustino Correa, esse com sesmaria entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. “Entre escravos, ameríndios, e imigrantes, todos se misturam. Quando estudamos, compreendemos que a história de povos diferentes encontra-se em um mesmo laço”, conta. Inscrições para o seminário pelo 3288-9117 ou aaaprs@gmail.com
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