direitos humanos

Campanha Todos Contra Pedofilia

Alguns pontos e olhares para denúncia
.

Um crime tão antigo e comum quanto cercado de tabus e silêncios como a
pedofilia exige comprometimento e conhecimento sobre o assunto por parte
da sociedade – o melhor combate é a informação. Sob tal perspectiva, o
promotor da Infância e Juventude do Ministério Público de Divinópolis,
Minas Gerais, Casé Fortes, idealizador do projeto Todos Contra a
Pedofilia (todoscontraapedofilia.ning.com), falou sobre o assunto
durante a manhã e a tarde de ontem no auditório do Pão dos Pobres, em
Porto Alegre. “Em primeiro lugar, é preciso querer ver e perceber se há
algo errado, como quando uma criança apresenta lesões nas regiões
genitais, ou quando ela emite sinais de uma sexualidade exacerbada para
sua idade, por exemplo”, disse.

Para ele, a própria denúncia deve
ser com responsabilidade. “Em caso de qualquer suspeita, a pessoa deve
recorrer a um delegado, promotor, buscar orientação com um psicólogo ou
levar a criança a um psicólogo, dizer o que viu. Pode ser chato, mas
muito pior é deixar a criança sofrer abusos diários e constantes”,
orientou Casé. Ao mesmo tempo, uma denúncia infundada pode arruinar a
vida do acusado e a da criança, que fica traumatizada.

A saída de
questionar diretamente o acusado também pode ser danosa para a criança.
“Ele pode fazer algo para feri-la ainda mais por ter contado algo”,
advertiu. Represália da qual os adultos não precisam temer. “Pedófilos
são covardes. Eu não recebo ameaça de pedófilos e não recebo casos de
gente ameaçada por ter denunciado. Eles são agressivos com o mais fraco,
com a criança, indefesa.”

A criança vítima de violência sexual
demonstra o que está ocorrendo, explica o palestrante. Se não por palavras diretas, por
comportamento, desenhos, gestos, e fazer vista grossa ao assunto é
crime. Profissionais de saúde são obrigados a comunicar a Justiça, assim
como quem atua nas escolas. “Os professores e profissionais de saúde
são nossos grandes aliados”, pontua o promotor.

No que concerne à
prevenção, a educação sexual é o primeiro e vital passo. Mesmo que não
seja simples falar de sexo com as crianças, é danoso se esquivar ou
mentir, ele diz. “Não há cegonha, nem encomenda, nem milagre. É importante que os
pais ensinem as partes do corpo, contem que elas nasceram de um amor e
consequente namoro, relação, que o corpo é para ser protegido e coisas
do gênero. Um psicólogo ou a escola podem orientar sobre como abordar o
assunto”, afirmou Casé. Também há alguns livros bem claros e cuidadosos
sobre o assunto, como “De Onde Eu Vim”, de autoria de Claire Llewellyn e
Mik Gordon, e “Segredo Segredíssimo”, de Odívia Barros.

[.Matéria publicada em 12 de maio. Foto Tarsila Pereira.]